Conhecendo um pouquinho o autismo

Esta semana vamos tratar de um assunto que está em discussão no mundo todo, o Transtorno autista, que é descrito no CID 10 como F84 – Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD).

Todos os dias, recebo no consultório pais aflitos porque percebem que seus filhos se comportam de forma diferente de outras crianças. Outros pais, especialmente os de primeira viagem, não percebem nada, mas, por solicitação da escola, levam a criança para uma avaliação.

Geralmente, estes comportamentos são percebidos quando a criança inicia a fase escolar, isto porque, estas crianças em grupo, terão suas dificuldades identificadas mais facilmente pelos professores e cuidadores da escola, porém, estes, deverão entrar em contato com os pais que procurarão uma equipe para acompanhamento e diagnóstico.

É importante deixar bem claro que nenhuma das informações presentes neste texto substitui a avaliação clínica, tão pouco, determina que a criança com uma característica como as que serão aqui descritas é autista, mas, um conjunto de sintomas pode dar indício de um Transtorno Global do Desenvolvimento, que é a identificação para este e outros conjunto de sintomas.

Não há causa determinante para que uma criança seja ou não autista, bem como, não há exame específico para esta identificação como já existe com a síndrome de down, por exemplo. Existem algumas teorias que acreditam no fator genético, onde na mesma família, podem existir vários casos, ou uma falta de oxigenação no cérebro no momento do parto, ou, algum trauma que a criança sofreu até os 3 anos de idade, entre outras teorias que tentam explicar este desenvolvimento fora dos padrões de uma criança diagnosticada como autista.

Inicialmente, vamos identificar alguns sintomas e, se possível, comentar sobre eles…

Uma grande maioria das crianças possui seu desenvolvimento de forma adequada, inclusive, inicia a conversação, fala algumas palavras simples, mas, de repente, param de falar, outras, simplesmente não falam mais. Este seria o fator principal para levar a criança ao psicólogo ou ao fonoaudiólogo, estes, podem perceber outros sintomas que, podem ou não, estar presentes dependendo da idade e do histórico da criança.

Outro fator relevante é a interação. As crianças autistas possuem grande dificuldade de interação com outras crianças, isto porque, os adultos, facilmente identificam o que elas necessitam, e elas se sentem mais seguram com isso. Neste momento é que a escola percebe a criança não se sente atraída pelos brinquedos como as outras, a movimentação pode não atrair, o barulho e correria incomoda bastante, como uma sensação de insegurança, deixando a criança cada vez mais apegada à professora, que, na ausência dos pais, será a figura que representa apoio.

O brincar do autista pode ser diferente, um senso de organização excessiva, ou de bagunça também excessiva, isso vai variar de acordo com o grau do autismo, bem como, carrinhos, bonecas, jogos de montar, não tem qualquer atrativo pra eles, alguns autistas gostam mesmo é de tampas de panela, encartes de lojas, capas de CD/DVD, objetos inusitados, e muitas vezes obcecados por eles, um apego muito grande, como se representasse uma âncora, um amuleto…

A maioria dos autistas consegue se desenvolver, contudo, cada um tem o seu tempo, e ainda assim, o desenvolvimento é bem relativo ao estímulo que é dado e o próprio grau de cognição da criança.

O diagnóstico do TGD, espectro autista, pode demorar em alguns casos, levando em consideração que, existem algumas crianças, que possuem alguns sintomas, mas, seu desenvolvimento é elevado, podendo ser confundido até com altas habilidades (super dotado), isto porque, falam, escrevem, e possuem habilidades muito elevadas para a idade, é o que chamamos de Aspeger, uma síndrome que está englobada no espectro autista. Nestes casos, por volta dos 5 anos de idade, a criança começa a estabilizar estas habilidades, e fixar nelas equilibrando-se com as crianças de sua idade, com o diferencial da fixação, obsessão.

A criança autista parece ser fria, não demonstra sentimentos, quando abraça, ou beija, o faz porque aprendeu que existe um ganho com isso, ou para desculpar-se por algo. As birras e manhas são frequentes e potencializadas, podendo chegar a auto-agressão.

Pode ser observada uma ausência na capacidade de imitação, ou de brincadeiras de faz de conta, como se o processo lúdico fosse limitado. Não vê razão em fingir que fala ao telefone ou que toma um café inexistente.

Podem ser observados alguns movimentos estereotipados, mexer as mãos sempre da mesma forma, ranger os dentes, andar na ponta dos pés, estalar os dedos, balançar-se… bem como, uma aflição às mudanças na rotina, ou nos objetos, como tirar os móveis do lugar, deixar de ir para um lugar que sempre vai, mudar a alimentação (geralmente gosta de comer a mesma comida todos os dias), dificuldade de inserir coisas novas e, preocupa-se muito com os detalhes e partes de objetos.

Ressalto mais uma vez que um sintoma isolado não caracteriza o TGD, sendo necessário procurar um profissional que então encaminhará para o especialista.

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